sábado, 5 de outubro de 2013

Manipulação midiática. Até quando?!

Compartilho aqui texto que desenvolvi para abertura de palestra de Néstor Busso, argentino relator da Lei de Médios da Argentina.

A democratização da mídia é uma necessidade histórica para o Brasil avançar nas mudanças que o país precisa. Não dá para aceitar a concentração de veículos de comunicação de massa nas mãos de nem 10 famílias, onde informações são manipuladas e deturpadas com frequência, onde linhas editoriais assumem discursos de partidos políticos de oposição ao governo através de canais que são concessões públicas, ou seja, do povo, que não se vê na sua grande maioria nas telas da TV, nas ondas do rádio ou nas páginas de revistas e jornais. Tudo que se quer com a democratização da mídia é regulamentar o que já está exposto na Constituição Federal de 1988, mas não é aplicado. 
O próprio inciso 5º do artigo 220 da Carta Magna diz: “Os meios de Comunicação Social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.

Não se trata de censura e tentativa de intervir nos conteúdos e linhas editoriais, como tentam vender a ideia alguns canais de comunicação, mas assegurar o direito de resposta, que hoje não existe neste país na mesma proporção e na mesma velocidade da denúncia e da fragilidade da apuração dos fatos. No ano que vem estaremos completando 50 anos da declaração do Golpe Militar em nosso país, e as concessões foram feitas exatamente no período da ditadura, ou seja, muito tempo se passou e essas legislações não foram revistas.
Recentemente, assistimos as organizações Globo assumir publicamente em editorial televisivo um pedido de desculpa por ter apoiado o Regime Militar, mas demorou quase meio século para esse reparo ser feito, enquanto muitas famílias ainda sofrem até hoje a falta de notícias de seus familiares que perderam a vida em regime de opressão e viraram desaparecidos políticos.
No debate de 1989 entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello, a Globo o editou para favorecer Collor e assumiu isso. Vivemos hoje um tribunal de exceção na mídia brasileira, onde se condena, julga, sentencia com sedução e emoção manipuladas e o reparo dos erros e equívocos não vêm na mesma proporção. O Direito de Resposta virou nota de canto página ou nota de rodapé ou coberta, no caso da televisão. 


O espaço para negros, índios, gays, lésbicas  e movimentos sociais são exíguos, quase inexistem, porque são personagens da segregação social que só rendem notícias quando é para mostrar as suas mazelas ou para criticá-los. Enquanto isso, emissoras  alugam e arrendam espaços em suas grades de concessões públicas sem qualquer restrição. Nem o governo federal nem o Congresso Nacional têm demonstrado interesse em assumir esse debate. É com esse propósito que o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, o FNDC, lançou um projeto de lei de iniciativa popular, que busca recolher 1,3 milhão de assinaturas para que a proposta possa ser avaliada pelo Congresso Nacional, no Senado e na Câmara dos Deputados.      

Feita essa contextualização, quero agradecer, na condição de coordenador geral do núcleo da Fundação Maurício Grabois Serra Gaúcha, aos Diretórios Acadêmicos de História, Jornalismo e Direito, aos professores e ao curso de Sociologia que também aderiu a nossa proposta.


Registro neste ato, para nossa alegria e satisfação, a presença do presidente nacional da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, jornalista e um intelectual e poeta de primeira grandeza, a quem convido para fazer uma saudação. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Diálogo de loucos


A literatura é bárbara, fabulosa e faz a mente viajar. Elegerei personagens dessa história da diversidade, Pedro e Paulo.

Pedro: E aí, meu amigo da estação, que não é do trem, mas espera o tempo passar, tudo bem?

Paulo: Trem, trem, levou o meu bem. Trem, trem, me leva também...Eu quero voltar de onde eu vim. Fecho os olhos aos trilhos sem fim.

Pedro: Hahahahaha.

Paulo: Um poeta rindo de uma poesia?

Pedro: Vai assinar livro de poesia comigo? Resposta que ouvirei. Não vai dar porque estarei preso na estação, porque sou o novo preso no velho problema da estação.

Paulo: Um anjo embriagado num disco voador jurou que o nosso amor era pecado (parafraseando Raul Seixas).

Pedro: Então, esse anjo está preso no medo da estação, sem brilho e emoção, na esfera da solidão.

Paulo: Hahahahahaha

Pedro: Ué, um poeta rindo de uma poesia?


Au-Gusta, Senhora dos Gostos e Dona dos Mistérios


Augusta é o seu nome. Pomposo, forte e irreverente ao mesmo tempo. Soa alto, como um grito com o Au das duas vogais, que complementa o Gusta, remetendo ao gosto individual e particular. Mas caberia muito bem também chamá-la de Liberdade ou Donzela da Libertinagem. Era noite, madrugada, vento soprava, mas não fazia frio.

O escuro daquela noite não tornou a rua vazia. Deixou-a mais movimentada, com corpos em transe, diversidade marcante no caminho, em determinados pontos apresentando refúgio de corpos entrelaçados em guetos livres de preconceito. Caminho esse trilhado a passos lentos ao lado de um amigo que recém conhecera, mas que igual não escondia o seu alento de trilhar o trajeto para chegar ao destino que leva o nome de Gusta.

Beijos entre homens, sedução, atração exacerbada, corpos em transe, delirantes, na busca frenética da transa sonhada ou simplesmente na venda do corpo, na abordagem não correspondida, na cantada escrachada ou nas feições feridas que afastavam o desejo contido.
Ah, Au-Gusta, que sabe como ninguém conduzir seus passantes em noites e madrugadas, onde a luz da lua a transforma em dia, sem muito espaço para definir sol e escuridão. Bares abertos, boates dançantes e carros passantes envoltos em um cenário que coloca corpos no mesmo embalo desse movimento frenético e seduz com a volúpia rasteira, tragando mentes e corpos como maremotos ou rios em dias sem frio. Movimentos delirantes, deixando mentes transtornadas, perdidas nas raias da loucura, espantando sono para não perder um minuto da sedução embriagada, drogada e tragada pelo contágio viral da Senhora Augusta.     


Prazer, Senhora Augusta, dona da Rua, da via arterial que liga os Jardins ao Centro de São Paulo e que como um orixá de Gira movimenta as noites de uma Paulicéia desvairada, na volúpia do prazer pelo prazer na conjunção carnal da atmosfera sexual.   

(Crônica em forma de conto de Roberto Carlos Dias em homenagem à Rua Augusta de São Paulo).

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Jesus vive em Caxias pedindo nas ruas da cidade

Jesus vive em cada esquina da vida. Depende do nosso olhar. Esse chama-se, ou pelo menos é conhecido, Jesus. Ele te representa ou não? A mim, representa, porque é o retrato fiel da exclusão social, de quem pede nas ruas da rica Caxias do Sul comida, não dinheiro para a bebida. Fica a dica do olhar.

Quando publiquei a foto com a postagem acima no Facebook, a imagem acirrou um debate salutar. Muitos se manifestaram com sentimento de solidariedade. Outros apontaram recusas e resistências de Jesus em receber ajuda quando abordado.
Mas, se cometeu algum pecado, é a prova real que pagamos aqui, na sociedade cristã-ocidental, e não num plano que não conhecemos e muitas vezes duvidamos.
Por isso, é salutar o debate, porque sempre surgem informações novas, que não conhecemos e são importantes. Mas o trabalho social e de políticas públicas necessárias são o maior desafio, porque requer investimento e muita persistência, mas vivendo na nossa sociedade moralista e cristã, gosto da máxima bíblica: atire a primeira pedra quem nunca errou na vida.

Eu, particularmente, já paguei vários cafés com pastel para o Jesus, e ele aceitou. Ainda quando fiz essa foto observei um rapaz entregando a ele um pacote de biscoito e igual ele aceitou. Talvez, às vezes, que negou ou recusou tenha suas motivações, desconfiança ou dificuldade da primeira abordagem com o desconhecido que se apresenta.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A democratização da mídia como necessidade histórica


Para quem não conseguiu assistir o programa Movimento em Pauta, apresentado pelo jornalista Márcio Schenatto, da TV Caxias, Canal 14, compartilho nossa opinião sobre a democratização da mídia e nossos esclarecimentos sobre a tentativa da grande mídia de dizer que são os movimentos sociais e políticos querendo trazer a censura à liberdade de expressão, de informação e de imprensa. Desmistificando sentidos.

A Globo não é dona do seu espaço, porque é uma concessão pública. Queremos, sim, validar os artigos que estão na Constituição federal de 1988.




quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"Eu tenho um sonho"

Em tempos de racismo contra médicos cubanos, um dia para rememorar a memória pelo fim da segregação racial.

"Eu tenho um sonho", gritou Martin King King Jr. há 50 anos à multidão, com sua voz reverberando com emoção, "que meus quatro filhos pequenos um dia vivam em uma nação onde serão julgados não pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter".



Nesta quarta-feira, os Estados Unidos lembram os 50 anos do famoso discurso do histórico llíder negro Martin Luther King, pedindo o fim da segregação racial no país na maior manifestação em defesa da igualdade racial. A sua voz ecoou no dia 28 de agosto de 1963, Quase cinco anos após o discurso, o líder negro foi assassinado. Em 14 de outubro de 1964, King recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo o combate à desigualdade racial através da não-violência. Nos próximos anos que antecederam a sua morte, ele expandiu seu foco para incluir a pobreza e a Guerra do Vietnã, alienando muitos de seus aliados liberais com um discurso de 1967, intitulado "Além do Vietnã".

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Zorzi levanta a voz contra a UFRGS em Caxias


A função social e transformação do ensino superior não podem ser vistas e encaradas com a mera propriedade de uma educação mercadológica, que só visa o lucro, dentro de uma visão capitalista. É estranho ver a posição arraigada em torno do lucro a qualquer preço do reitor Isidoro Zorzi no Pioneiro de hoje sobre a sua contestação de repassar o Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul (UCS) para abrigar uma extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como propõe o vereador o presidente da Comissão Pró-Universidade Pública, Rafael Bueno. Ao dizer não à oferta do Campus 8 é o mesmo que dizer não à UFRGS em Caxias.


Considerando a trajetória política no PMDNB e acadêmica do reitor Zorzi é difícil aceitar essa falta de sensibilidade social para com aqueles que não têm condições de cursar uma faculdade na UCS. Mas, o reitor não é o único personagem desta história. As deliberações na UCS são tomadas pelo seu Conselho Diretor, onde o Estado, o governo federal, a prefeitura, a Mitra Diocesana, a CIC e o Virvi Ramos têm assento garantido. É hora de envolver essas entidades e representações de Estado neste debate sob o ponto de vista do seu papel social.
Ao mesmo tempo em que Zorzi nega com veemência a transferência do Campus 8 para abrigar uma extensão pública e de qualidade no ensino superior, alegando não ter onde colocar os 1.500 alunos que lá estudam, reforça que a Cidade Universitária tem mais de 500 salas de aulas ociosas, que poderiam ser alugadas pela UFRGS ou até mesmo para a compra de vagas de cursos já existentes. Oras. Isso é fortalecer uma visão maniqueísta e capitalista, que só visa o lucro.



O prefeito Alceu Barbosa Velho e a Mitra Diocesana já se manifestaram a favor da vinda da UFRGS, mas é preciso levar essa discussão para dentro do Conselho Diretor. Cadê a função social dessas entidades? Da Igreja Católica? Do Estado? E o que pensa a CIC, que tanto clama por mão de obra qualificada para atender o mercado de trabalho?

São questionamentos que precisam ser respondidos e, principalmente, envolver a comunidade neste debate. Os jovens, os filhos dos trabalhadores e os próprios trabalhadores têm o direito de acessar o ensino superior de qualidade e gratuito. E as forças vivas da cidade precisam estar engajadas neste debate. Do contrário, ele tem dificuldade de avançar quando os interesses são meramente econômicos.

É inevitável também trazermos para esse debate, que precisa ser público e com a sociedade, quanto a UCS ganha de isenção de impostos do governo federal para carregar o caráter de universidade comunitária.

E, para finalizar, espera-se que a comissão eleitoral que vai conduzir o processo de escolha do novo reitor da UCS tem a serenidade e a responsabilidade de ouvir a comunidade acadêmica e não fazer como anos anteriores onde silenciou a voz a escolha dos alunos, professores e funcionários. Espera-se ainda que o novo comandante da UCS tem sensibilidade para essa questão da UFRGS, um outro olhar. Afinal, cadê o comprometimento com a educação.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

É legítimo deixar a população sem atendimento e não contratar médicos estrangeiros?

Bom dia, com saúde, porque se precisar do SUS em Caxias do Sul hoje pode pedir para a doença esperar na fila de espera se for grave. E ainda são contra médicos estrangeiros? E deixam 46 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), em Caxias, sem atendimento médico? É legítimo fazer greve e reivindicar melhorias e conquistas, mas em áreas essenciais, como saúde, não dá para deixar o sistema descoberto, só com atendimento emergencial no Postão 24 Horas.
Sou a favor de paralisações por mais conquistas e direitos, mas é preciso montar estratégias que não deixem a população mais desiludida do que já está.
E quem está doente, tem pressa. E não dimensionam o tamanho da dor. Essa é a minha opinião, é o que penso, sobre essa greve em Caxias. É o
momento desabafo. O SUS é universal, criado pela Constituição Federal de 1988, e deve seguir os preceitos de levara atendimento à toda sociedade, com plano privado ou não, porque todos têm direito de acessar o Sistema Único de Saúde. 



Os médicos de Caxias reivindicam exatamente isso: são contrários à vinda de médicos estrangeiros para trabalhar no país e levar atendimento para o povo, além de cobrar a aprovação da PEC 454, que trata do Plano de Carreira da Categoria e 10% do PIB para a saúde. São bandeiras importantes e dialogam com as necessidades do povo. O maior problema está em conseguir profissionais a trabalhar no interior do Brasil.

Mas, a presidenta Dilma Rousseff foi clara quando anunciou o pacto com cinco pontos. E na área da saúde, Dilma disse: a prioridade de contratação é para médicos brasileiros e quando não há interesse as vagas serão abertas para a contratação de médicos estrangeiros.

E convenhamos. Conheço muitos brasileiros que curam medicina em Cuba, inclusive da região da Serra Gaúcha. Esses profissionais não podem voltar ao seu país de origem, depois de formados, para ajudar quem precisa e tem urgência? 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Recordar é viver. Veja quem votou contra os lucros do petróleo para a educação em 2012

Recordar é viver. Veja quem e quais partidos votaram contra a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação em 2012, em projeto enviado por Dilma à Câmara dos Deputados, muito antes das manifestações de ruas e que estava emperrado na Casa. 
Por 220 votos a 211, a proposta do governo, que previa que o dinheiro fosse destinado exclusivamente à educação, foi derrotada, no ano passado. Votação neste ano, após manifestações das ruas, começa daqui a pouco.
As manifestações pedem mais recursos para educação, deputados. Vamos ver como vai repercutir as vozes das ruas na Câmara dos Deputados.
Veja o placar de 2012.

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/11/quem-votou-contra-petroleo-educacao.html

Enfraquecer Dilma é enfraquecer o protagonismo das mulheres e fortalecer o retrocesso

A hora é de mudanças, mas não podemos cair na armadilha e sermos usados como massa de manobra por alguns setores ditos “apartidários”, com interesses fascistas e espúrios, escondidos atrás de máscaras anônimas. A presidenta Dilma Rousseff, como autoridade máxima do país, deu respostas concretas às reivindicações das ruas, mas mesmo assim sofre ataques de incrédulos e descrentes. Esse pessimismo aparente não pode ser encarado só como insatisfação do povo, da massa. Um presidente não governa sozinho, depende dos outros poderes, em especial do Legislativo. As manifestações são legítimas e merecedoras de aplausos, mas o povo tem de levar essa determinação para as urnas e saber cobrar o seu voto sempre no exercício da democracia e, principalmente, lembrar em quem votou. Isso é exercer a democracia e cidadania.
Presidenta surpreende dar respostas concretas às vozes das ruas 

E quando os interesses individuais de legisladores se sobrepõem aos interesses do coletivo, um governo fica engessado. Portanto, não podemos atirar todas as pedras contra a presidenta. É preciso conhecer a Constituição Estado e as suas instituições de poder, que envolvem Executivo, Legislativo e Judiciário.
Com o clamor das ruas, com o grito do povo que se levanta em levante histórico, Dilma ganha forças para liderar esse movimento e propor as mudanças necessárias, que dialogam com as vozes do povo. Mas é preciso ter essa compreensão da funcionalidade dos poderes e as barreiras e limites impostos por essas estruturas, muitas delas arcaicas e jurássicas.
Nas ruas, o governo é acusado de não promover reformas estruturais importantes. Quando a presidenta anuncia medidas, algumas dissonantes, infiltradas dentro das manifestações chamam de demagogia, que são mais promessas e promessas, e cobram o porquê não fez antes se sabia as necessidades do povo. Não sejamos ingênuos. Esse contraponto é para enfraquecer não apenas um governo progressista, mas a figura da própria presidenta.

Manifestações são legítimas, mas é preciso estar atento


Enfraquecer Dilma como agente político e primeira mulher a governar o país é atingir o protagonismo e as conquistas das mulheres, promovendo retrocessos incalculáveis no país. Com Dilma na Presidência, as mulheres se fortaleceram na luta diária e desigual e passaram a ter mais autoridade para fazer sua voz ecoar. Por outro lado, a tentativa de golpe de Estado para retirar Dilma do poder não passa na mente da maioria do povo que clama por mudanças, mas ganha, com certeza, força e forma nas estratégias montadas por uma elite conservadora, que não dome no ponto e quer voltar ao poder a qualquer preço.
Essa mesma elite está encravada dentro desses movimentos que ganham as ruas. Lutamos muito para chegar à democracia, muitos morreram neste longo percurso, derramaram sangue por um Brasil Melhor, mas quando o capitalismo sofre abalos e enfraquece, as formas para se recuperar são as mais nefastas e inimagináveis, porque usam dos aparelhos ideológicos do Estado para tentar se reerguer.
Não estou dizendo com isso que a luta das ruas não sejam legítimas. O povo de continuar nas ruas, sim, mas de forma ordeira, organizada, com direção e foco. Quem patrocina os vândalos e arruaceiros que mancham as cores verde e amarela e até mesmo grito do povo, na sua maioria esmagadora, legítimo? São questionamentos que têm de ser feitos, porque muitos dos infiltrados na belíssima marcha em Caxias, que reuniu mais de 35 mil, eram de Porto Alegre. Como se deslocaram de lá? Quem pagou o transporte?

PEC 37 envolta à polêmica. Interessa a quem?
A PEC 37, que ganhou força dentro dos protestos é matéria muito embaraçosa e envolta à polêmica e interessa muito mais para quem disputa o poder dentro da esfera do Judiciário. É matéria muito obscura ainda. A Ordem dos Advogados no Brasil (OAB), por exemplo, é a favor da votação da PEC no Congresso nacional, que é contestada nas ruas (veja link de matéria no final de deste texto).
A corrupção no país existe desde o Brasil Colônia, passando por Pedro pai, Pedro filho, pelo Brasil República e segue até os dias atuais. Somente uma reforma política eficaz será capaz de aplacar a safadeza e os desvios de recursos públicos.  


E para finalizar:
É a mulher e sua força verdadeira/Eu tô com Dilma/Uma grande brasileira.



O Pacto de Dilma e o voto de confiança do povo
Dilma apresentou um pacto com cinco medidas: anunciou R$ 50 milhões para obras de mobilidade urbana, convocação de plebiscito para promover a reforma política em constituinte exclusiva, um dos maiores gargalos e obstáculos que impede a evolução de um Brasil Melhor, defendeu ainda que a corrupção seja crime hediondo.
 Na saúde,  anunciou a troca de dívidas por mais atendimentos e incentivar a ida de médicos para regiões que mais precisam. Dilma garantiu ainda que as vagas do Sistema Único de Saúde (SUS) serão oferecidas primeiramente aos médicos brasileiros, mas quando não houver disponibilidade, serão contratados médicos estrangeiros. E mandou um recado à classe médica:  “Essa medida não é hostil ou desrespeitosa aos nossos profissionais. Trata-se de medida emergencial porque a saúde do cidadão deve prevalecer sobre qualquer outro interesse”.


Para a presidenta Dilma, só médicos não resolve problemas, por isso quer garantir melhoria na estrutura do sistema, além de ampliar vagas de graduação e residência para estudantes brasileiros até 2017. Comprometeu-se ainda com aceleração nas obras de UPAs e UBSs.
Na Educação, talvez a mais emblemática das afirmações tenha sido esclarecer que o seu governo quer aplicar 100% dos royalties do petróleo e 50% do pré-sal nesta área, repassando os recursos a serem recebidos pelos estados e municípios e a parte da união para investimentos em educação. Onde está esse projeto? No Congresso Nacional para ser votado com urgência constitucional, mas não anda porque cada representante de estado quer puxar para sai a maior fatia para preservar seus currais eleitorais.

A posição da OAB sobre PEC 37

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Não quero calar, mas não quero retrocessos

No dia do aniversário do Chico Buarque, comemorado neste 19 de junho e com os sintomas pulsantes de um Brasil Varonil agitado, não tem como não lembrar da música Cálice, que serviu de hino em um determinado período obscuro da nossa História, onde o povo não tinha voz nem vez, era silenciado pela ditadura, armada, repressiva e violenta, que tirava direitos e a vida de muitos militantes combatentes. 

Este Brasil eu não quero mais e me recuso a qualquer apoio ao militarismo ou a movimentos sem razão, que levam ao vandalismo, à depredação e ou à leitura de que tudo é culpa de A ou B. Não quero retrocessos nem fortalecer o capitalismo. Um movimento precisa ter foco, organização, e não tem como eliminar os partidos políticos da construção histórica de uma nação, como se ninguém prestasse. Foi graças às ações dos partidos, em especial os de esquerda, que militavam dentro do MDB, que conseguimos a democratização. Isso é História e precisa ser estudada, antes de fomentarmos a eliminação de partidos e políticos, como se todos fossem corruptos. 

É lógico que o Brasil precisa avançar em reformas importantes, pois seu período democrático é muito jovem ainda e tem só 29 anos.

Para relembrar e parabenizar Chico, esse grande ícone da MPB, segue Cálice para recordar.  

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Não posso silenciar quando a voz se ergue para gritar

Estou achando uma boa essas manifestações, porque são em todo o país e a maioria de forma pacífica, levando mais de 200 mil às ruas. Isso é ótimo. É o povo exercendo a democracia, o seu direito de cidadão de se manifestar. É assim que se obtém conquistas em um país onde, infelizmente, o capitalismo ainda impera, onde o sistema bancário ainda dita os rumos da economia, com juros altos, que massacram o povo trabalhador. 
Fotos retiradas do observatoriocomunitario.blogspot.com 


É hora de mudar a roda desta história e tornar o povo protagonista. 

Os maiores temerosos com essas manifestações são os poderosos, os grandes grupos, que preferem o silêncio e se escondem atrás das palavras ditas com a autoridade de quem se acha no direito de ser, de fato, um tribunal de exceção, julgando e condenando qualquer ação que faça o povo se emancipar da opressão. Isso é vergonhoso. A mídia tem que noticiar os fatos, sim, mas não usar carapuça o tempo todo para defender toda a forma de poder para silenciar multidões ou deixar suas estruturas, de onde emergem as opiniões radicais de alguns profissionais (não de todos), às escuras em uma clara demostração de porta-voz do imperialismos que ainda reina sob a égide do neoliberalismo e do capitalismo exacerbado. 


Queremos estádios, sim, no Brasil da Copa do Mundo, mas também saúde, educação e segurança. Como faz isso? Enquadrando os grandes poderosos, a começar pelos bancos, reduzindo o superávit primário, taxando as grandes fortunas e distribuindo melhor a renda, com mais direito social para os trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário, porque são esses os verdadeiros donos da riqueza do Brasil. E viva a juventude!!! Viva os trabalhadores!!! Viva o povo brasileiro!!!   

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O grito social e silecioso das ruas da rica Caxias do Sul



É impossível ser indiferente ou fechar os olhos para um problema social que tem crescido de forma vertiginosa na nossa cidade. Nas calçadas das ruas de Caxias tenho percebido um retrato do cotidiano triste, onde as pedras viram colchões de moradores de rua, tendo um edredom ou um cobertor leve como agasalho para se proteger do frio e das baixas temperaturas que têm feito em Caxias. Na manhã desta quarta-feira, encontrei dois moradores de rua dormindo, inclusive com a cabeça coberta, às 10h50min, na Rua Flores da Cunha, entre as Ruas Visconde de Pelotas e Garibaldi. No dia 15 de maio, deparei-me com outro casal em uma noite fria e chuvosa, na Rua Ernesto Alves, no Centro. No Pio X, existem várias pessoas nesta condição. Nas imediações do BIG, tem outro casal que pernoita pelas calçadas e mulher está grávida, possivelmente quase parindo pelo adiantado estágio da gestação. 
Dois moradores de rua dormindo, às 10h50min, desta quarta


Muitas vezes as dificuldades estão no próprio morador de rua em aceitar o acolhimento e o atendimento da rede especializada, mas é preciso trabalhar políticas públicas articuladas, com as mais diversas áreas sociais, como psicólogos, assistentes sociais e sociólogos. É preciso trabalhar a (res) socialização, por mais que haja resistência. Enquanto agentes públicos é preciso ser persistente e incansável. Uma cidade rica como Caxias não pode apresentar essa realidade como um cartão de visita. É preciso fazer um mutirão, se preciso for, para dar uma resposta a esse grave problema social. É preciso se indignar e não se conformar com esse extrato social.   

Dia 15 de maio, noite fria e chuvosa, casal dormia na calçada da Ernesto Alves

No Centro de Referência Pop, os dados compravam essa triste realidade, mas apontam para outro problema: a falta de equipes mínimas, ou seja, de servidores para dar conta da demanda. Ao ver tal situação, liguei, comuniquei o fato para o serviço e quis ouvir da coordenadora como está funcionando essa rede. A coordenação informou-me que dispõe apenas de dois educadores sociais para fazer as abordagens de rua durante o dia e um profissional da psicologia e da assistência social para fazer o atendimento interno. O mínimo necessário seriam quatro educadores sociais, diz ela.
No mês de abril, para ser ter uma ideia, foram feitas 105 abordagens de pessoas diferentes e 239 atendimentos no Centro Referência Pop, onde é servido café da manhã também, mas não é um albergue. À noite, a situação fica mais crítica. É preciso inverter essa lógica social e investir como prioridade nas rondas da cidadania. É preciso indignar-se e jamais perder a sensibilidade de olhar o outro como semelhante e não com uma visão excludente.
  
O telefone do Centro Referência Pop é: 3901.1504  

segunda-feira, 13 de maio de 2013

É preciso romper com as correntes invisíveis


Para refletir a Lei Áurea no seu aniversário de 125 anos. A abolição da escravatura, comemorada neste 13 de maio, precisa ainda derrubar as barreiras do preconceito e das desigualdades quer colocam negros em condições inferiores do que os brancos em termos de salário e de acesso à educação.

Dados IBGE comprovam essa estatística que tem a cor como definição de valorização, infelizmente. Índices do IBGE de 2012 apontam que um caucusiano recebe 3,5 salários mínimos mensais, mas um pouco de cor a mais na pele derruba esse rendimento para 2,2 salários no Estado RS. E mais: indica que a chance de um preto ou pardo concluir o ensino superior é 3,5 vezes menores que os caucusianos. Precisamos romper com as correntes invisíveis, que aprissionam e discriminam pela cor.

Democratização da comunicação, por que isso é importante?


A sociedade civil organizada exige participar do debate sobre a democratização dos meios de comunicação no Brasil. O programa Clique Ligue da TVT apresenta nuances da luta e explica porque ela e tão importante para a construção de um país melhor e mais justo.


http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=212855&id_secao=1