sábado, 7 de setembro de 2013

Diálogo de loucos


A literatura é bárbara, fabulosa e faz a mente viajar. Elegerei personagens dessa história da diversidade, Pedro e Paulo.

Pedro: E aí, meu amigo da estação, que não é do trem, mas espera o tempo passar, tudo bem?

Paulo: Trem, trem, levou o meu bem. Trem, trem, me leva também...Eu quero voltar de onde eu vim. Fecho os olhos aos trilhos sem fim.

Pedro: Hahahahaha.

Paulo: Um poeta rindo de uma poesia?

Pedro: Vai assinar livro de poesia comigo? Resposta que ouvirei. Não vai dar porque estarei preso na estação, porque sou o novo preso no velho problema da estação.

Paulo: Um anjo embriagado num disco voador jurou que o nosso amor era pecado (parafraseando Raul Seixas).

Pedro: Então, esse anjo está preso no medo da estação, sem brilho e emoção, na esfera da solidão.

Paulo: Hahahahahaha

Pedro: Ué, um poeta rindo de uma poesia?


Au-Gusta, Senhora dos Gostos e Dona dos Mistérios


Augusta é o seu nome. Pomposo, forte e irreverente ao mesmo tempo. Soa alto, como um grito com o Au das duas vogais, que complementa o Gusta, remetendo ao gosto individual e particular. Mas caberia muito bem também chamá-la de Liberdade ou Donzela da Libertinagem. Era noite, madrugada, vento soprava, mas não fazia frio.

O escuro daquela noite não tornou a rua vazia. Deixou-a mais movimentada, com corpos em transe, diversidade marcante no caminho, em determinados pontos apresentando refúgio de corpos entrelaçados em guetos livres de preconceito. Caminho esse trilhado a passos lentos ao lado de um amigo que recém conhecera, mas que igual não escondia o seu alento de trilhar o trajeto para chegar ao destino que leva o nome de Gusta.

Beijos entre homens, sedução, atração exacerbada, corpos em transe, delirantes, na busca frenética da transa sonhada ou simplesmente na venda do corpo, na abordagem não correspondida, na cantada escrachada ou nas feições feridas que afastavam o desejo contido.
Ah, Au-Gusta, que sabe como ninguém conduzir seus passantes em noites e madrugadas, onde a luz da lua a transforma em dia, sem muito espaço para definir sol e escuridão. Bares abertos, boates dançantes e carros passantes envoltos em um cenário que coloca corpos no mesmo embalo desse movimento frenético e seduz com a volúpia rasteira, tragando mentes e corpos como maremotos ou rios em dias sem frio. Movimentos delirantes, deixando mentes transtornadas, perdidas nas raias da loucura, espantando sono para não perder um minuto da sedução embriagada, drogada e tragada pelo contágio viral da Senhora Augusta.     


Prazer, Senhora Augusta, dona da Rua, da via arterial que liga os Jardins ao Centro de São Paulo e que como um orixá de Gira movimenta as noites de uma Paulicéia desvairada, na volúpia do prazer pelo prazer na conjunção carnal da atmosfera sexual.   

(Crônica em forma de conto de Roberto Carlos Dias em homenagem à Rua Augusta de São Paulo).

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Jesus vive em Caxias pedindo nas ruas da cidade

Jesus vive em cada esquina da vida. Depende do nosso olhar. Esse chama-se, ou pelo menos é conhecido, Jesus. Ele te representa ou não? A mim, representa, porque é o retrato fiel da exclusão social, de quem pede nas ruas da rica Caxias do Sul comida, não dinheiro para a bebida. Fica a dica do olhar.

Quando publiquei a foto com a postagem acima no Facebook, a imagem acirrou um debate salutar. Muitos se manifestaram com sentimento de solidariedade. Outros apontaram recusas e resistências de Jesus em receber ajuda quando abordado.
Mas, se cometeu algum pecado, é a prova real que pagamos aqui, na sociedade cristã-ocidental, e não num plano que não conhecemos e muitas vezes duvidamos.
Por isso, é salutar o debate, porque sempre surgem informações novas, que não conhecemos e são importantes. Mas o trabalho social e de políticas públicas necessárias são o maior desafio, porque requer investimento e muita persistência, mas vivendo na nossa sociedade moralista e cristã, gosto da máxima bíblica: atire a primeira pedra quem nunca errou na vida.

Eu, particularmente, já paguei vários cafés com pastel para o Jesus, e ele aceitou. Ainda quando fiz essa foto observei um rapaz entregando a ele um pacote de biscoito e igual ele aceitou. Talvez, às vezes, que negou ou recusou tenha suas motivações, desconfiança ou dificuldade da primeira abordagem com o desconhecido que se apresenta.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A democratização da mídia como necessidade histórica


Para quem não conseguiu assistir o programa Movimento em Pauta, apresentado pelo jornalista Márcio Schenatto, da TV Caxias, Canal 14, compartilho nossa opinião sobre a democratização da mídia e nossos esclarecimentos sobre a tentativa da grande mídia de dizer que são os movimentos sociais e políticos querendo trazer a censura à liberdade de expressão, de informação e de imprensa. Desmistificando sentidos.

A Globo não é dona do seu espaço, porque é uma concessão pública. Queremos, sim, validar os artigos que estão na Constituição federal de 1988.