segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Zorzi levanta a voz contra a UFRGS em Caxias


A função social e transformação do ensino superior não podem ser vistas e encaradas com a mera propriedade de uma educação mercadológica, que só visa o lucro, dentro de uma visão capitalista. É estranho ver a posição arraigada em torno do lucro a qualquer preço do reitor Isidoro Zorzi no Pioneiro de hoje sobre a sua contestação de repassar o Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul (UCS) para abrigar uma extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como propõe o vereador o presidente da Comissão Pró-Universidade Pública, Rafael Bueno. Ao dizer não à oferta do Campus 8 é o mesmo que dizer não à UFRGS em Caxias.


Considerando a trajetória política no PMDNB e acadêmica do reitor Zorzi é difícil aceitar essa falta de sensibilidade social para com aqueles que não têm condições de cursar uma faculdade na UCS. Mas, o reitor não é o único personagem desta história. As deliberações na UCS são tomadas pelo seu Conselho Diretor, onde o Estado, o governo federal, a prefeitura, a Mitra Diocesana, a CIC e o Virvi Ramos têm assento garantido. É hora de envolver essas entidades e representações de Estado neste debate sob o ponto de vista do seu papel social.
Ao mesmo tempo em que Zorzi nega com veemência a transferência do Campus 8 para abrigar uma extensão pública e de qualidade no ensino superior, alegando não ter onde colocar os 1.500 alunos que lá estudam, reforça que a Cidade Universitária tem mais de 500 salas de aulas ociosas, que poderiam ser alugadas pela UFRGS ou até mesmo para a compra de vagas de cursos já existentes. Oras. Isso é fortalecer uma visão maniqueísta e capitalista, que só visa o lucro.



O prefeito Alceu Barbosa Velho e a Mitra Diocesana já se manifestaram a favor da vinda da UFRGS, mas é preciso levar essa discussão para dentro do Conselho Diretor. Cadê a função social dessas entidades? Da Igreja Católica? Do Estado? E o que pensa a CIC, que tanto clama por mão de obra qualificada para atender o mercado de trabalho?

São questionamentos que precisam ser respondidos e, principalmente, envolver a comunidade neste debate. Os jovens, os filhos dos trabalhadores e os próprios trabalhadores têm o direito de acessar o ensino superior de qualidade e gratuito. E as forças vivas da cidade precisam estar engajadas neste debate. Do contrário, ele tem dificuldade de avançar quando os interesses são meramente econômicos.

É inevitável também trazermos para esse debate, que precisa ser público e com a sociedade, quanto a UCS ganha de isenção de impostos do governo federal para carregar o caráter de universidade comunitária.

E, para finalizar, espera-se que a comissão eleitoral que vai conduzir o processo de escolha do novo reitor da UCS tem a serenidade e a responsabilidade de ouvir a comunidade acadêmica e não fazer como anos anteriores onde silenciou a voz a escolha dos alunos, professores e funcionários. Espera-se ainda que o novo comandante da UCS tem sensibilidade para essa questão da UFRGS, um outro olhar. Afinal, cadê o comprometimento com a educação.


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