segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Saúde pública não é esmola

A semana é de grande expectativa para a saúde pública de Caxias, quando prefeitura deve apresentar propostas para os médicos em greve há meio ano. Isso mesmo: seis meses de paralisação. No domingo à tarde, estava no Congresso de Estudantes da Universidade de Caxias do Sul (Coneucs) quando meu celular tocou. Ao atender a ligação, ouvi a voz de um pai desesperado, gritando por socorro, porque seu filho passava mal há mais de 2 horas no Postão 24 Horas de Caxias do Sul. 

                                                Foto Luiz Erbes/Divulgação


O pai contou-me que seu filhinho de quase dois anos, gemia, estava com dor, diárreia e vômito. Foi atendido após quase longas 3 horas de espera. Para aumentar o desespero do pai, o filho desidratava, estava há mais de 24 horas sem se alimentar.  Pelo relato do pai, a criança estava no mesmo quadro de saúde abalada há três dias. Na UBS do seu bairro, não tinha médico especialista e fila de espera na sexta-feira era gigantesca para o único clínico geral. Aliás, o quadro de pediatras e de outras especialidades só vem diminuindo na saúde pública do município diante do impasse entre prefeitura e a categoria dos médicos. O (des) conforto do pai desesperado foi procurar o Postão 24 Horas, onde sua agonia aumentava a cada segundo, a cada minuto, que passava. 

A população de Caxias não pode nem merece ficar mendigando por atendimento na Saúde Pública como se pedisse esmola. Não dá para tratar pessoas, que batem às portas das UBSs e do Postão 24 Horas, como entulhos, dejetos. Pagamos muitos e elevados impostos para ter saúde de qualidade. 

A voz daquele pai chorando, pedindo ajuda, denunciando o descaso com a Saúde Pública de Caxias, martela a minha cabeça. O que fazer, prefeito Sartori?