terça-feira, 5 de julho de 2011

A banda larga do povo é uma bicicleta

O anúncio de que a Internet está mais próxima da população e das camadas mais baixas é um alento para um país como Brasil, mas ainda é preciso percorrer um longo caminho para que a inclusão digital de fato seja concretizada. O Plano Nacional de Banda Larga, que garante velocidade de 1Mbps por R$35,00, foi assinado no dia 30 de junho pelo governo federal para entrar em operação em 90 dias, chegando a todos os recantos do país até 2014, ano de copa, de futebol e de bola na rede. Ano de eleição também, onde é preciso muito treino para fazer gol na urna.

Pois bem. A medida é elogiável, mas R$ 35 por um mega é um custo ainda muito elevado para um país que tem 16 milhões de pessoas vivendo na extrema miséria com menos de R$ 70,00 por mês. Os R$ 35,00 correspondem à metade da renda de muitos brasileiros. É alto o custo se formos comparar as condições de velocidade. Com um 1Mbps, muito raramente um computador funciona na sua plenitudade, com velocidade, sem travar e sofrer quedas frequentes. 

Hoje, pago R$ 59,00 junto à conta telefônica por turbo de acesso à Internet com 10Mbps.



Se formos levar ao pé da letra a necessidade de uma velocidade maior para aumentar o desempenho da máquina, o Plano de Banda Larga lançado pelo governo federal é uma bicicleta, ainda muito distante de se aproximar de uma Mercedes para alcançar a velocidade ideal para promover a revolução tecnológica.
A iniciativa é boa do ponto de vista que obriga as operadoras de telefonia a entrar na concorrência do mercado, competindo com preço e também com qualidade dos serviços. 

O governo da presidenta Dilma Rousseff dá um passo importante para promover, quem sabe, a tão sonhada da Reforma da Mídia, para empoderar o povo com o maior armamento tecnológico e fazer a revolução rumo ao socialismo. Não falo, neste caso, de armamento bélico, mas sim de arsenal digital, de inclusão, com direito de igualdade para acessar as redes sociais, os blogs, os sites e os canais de mídia alternativa. Essas ferramentas precisam estar a serviço do povo e para o povo, sem maquiagem, sem distorções e sem imposição midiática sobre os temas que interessam à vida do povo.

Essa leitura não é uma crítica à política de governo federal para a banda larga. Pelo contrário, enalteço essa iniciativa, mas é preciso avançar, e muito, para chegar ao sonhado boom tecnológico.     

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