A ociosidade e a ganância transitam em uma linha tênue quando os interesses são econômicos e financeiros. Nas discussões de extensão da UFRGS para a Serra, o reitor da UCS, Isidoro Zorzi, tem defendido ser contra a construção de estrutura física nova e defende a ocupação de espaços ociosos na universidade onde é Rei-Tor. Para pleitear essa parceria com a União (alugada, óbvio), Isidoro tem desfiado um rosário de argumentos, dizendo inclusive que a UCS é comunitária, pública, porque 44% das suas decisões estão nas mãos do Estado (leia-se governos federal, estadual e municipal com assento no Conselho Diretor da FUCS).
Nesta sexta-feira, tem nova rodada de discussão em torno da extensão da UFRGS na cidade de Santa Tereza. E lá deve estar novamente o Rei-Tor reforçando sua tese na condição de presidente do Corede Serra.
Dentro deste conceito de ociosidade, surgem ainda as salas e laboratórios equipados e vazios e o excelente quadro de profissionais, com alta formação acadêmica. Até aí, tudo bem. Existe uma ponta de verdade em tudo isso. Mas se tratando de uma universidade federal pública, resta saber em qual horário o trabalhador ou o filho do trabalhador poderá desfrutar do sonho de cursar uma faculdade e, quem sabe, virar Doutor. A ociosidade na UCS, destacada pelo Rei-Tor, é perceptível, mas nos turnos da manhã e tarde.
À noite, o sofrimento é geral para quem estuda na UCS. Tenho ficado diariamente em torno de 40 minutos rodando, tonteando, ou simplesmente parado em uma das tantas filas que se formam nos estacionamentos à noite. Fico lá à espera que uma alma viva retire seu carro e libere uma vaga para estacionar.
A situação está insustentável, caótica. A capacidade dos estacionamentos está saturada, não há mais espaços, e chegar na aula no horário (19h40min) virou um desafio para quem trabalha durante o dia. Eu, particularmente, sempre perco em torno de 30, 40, 50 minutos de aula. E o prejuízo é duplo. Estou pagando um preço alto por algo que não posso aproveitar na sua totalidade e ainda tenho de amargar a perda de conteúdos e conhecimentos importatíssimos, fundamentais para ampliar o capital intelectual. Mas isso é algo que não interessa para o capitalismo. Afinal, mentes pensantes não são bem-vindas e oferecem riscos às estratégias de quem detém o poder econômico.
Se a UCS fechasse convênio com a UFRGS para alugar os espaços ociosos, o trabalhador, que, na sua maioria esmagadora, tem jornada extensa durante o dia, ficaria tolido de estudar à noite? Que conquista seria essa? Neste caso, a universidade federal viria para a Serra para fortalecer as estruturas do capital e do poder econômico estabelecidos no ensino superior privado e não como uma altertiva real, viável e concreta para quem trabalha. Essa leitura e esse debate sobre a tentativa de atrelar a extensão da UFRGS ao poder econômico dominante (ou reinante) precisam ser feitos, até porque a Reitoria da universidade federal já sinalizou que a ideia não é fazer "sombreamento" para as universidades privadas já instaladas, de oferecer cursos que já existam, etc...
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