quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A Rica Serra Gaúcha e seus bolsões de miséria

Relacionar riqueza e pobreza é uma leitura muito perigosa se não há dados e estudos aprofundados sobre a distribuição de renda e a segregação social. O critério pelo índice de renda per capita é vulnerável e muito sensível para classificar as regiões pobres e ricas do nosso país. O critério de distribuir campus federais de educação superior e tecnológica, anunciado pela presidenta Dilma Rousseff na última terça-feira, dia 16 de agosto, prioriza as regiões mais pobres, mas não leva em conta, na minha avaliação, que a distribuição de renda é desigual na RICA Serra gaúcha.



O pacote presidencial de expansão da educação do Planalto é merecedor de aplausos, mas a Serra gaúcha não pode ficar de fora desse pacote e das metas traçadas até 2014. A região cumpre papel estratégico importante para o desenvolvimento, não só da Serra, mas também do Estado e do Brasil. Convenhamos que o anúncio da presidenta Dilma, que deixou de fora a Serra gaúcha, é um tremendo balde de água fria na comunidade regional, que desde 28 de abril, quando foi assinado o convênio entre UFRGS e Amesne pela extensão de um campus da universidade para a Serra, passou a alimentar a esperança de ver a concretização do sonho mais próxima.

O que fazer para manter vivos os sonhos e as esperanças daqueles milhares de jovens que lotaram o plenário da Câmara de Vereadores de Caxias? Como ficam as reuniões, as audiências públicas, as discussões sobre as áreas para a instalação do campus? Tudo isso fica mais fragilizado e enfraquecido e distancia o sonho da realidade. Quando foi assinado o convênio, o prazo inicial, apontado pela UFRGS, para instalação do campus era de dois anos. Ou seja: até 2013. Como fazer isso sem a garantia de recursos federais no Orçamento da União? Como colocar o projeto em execução, se ele não integra o pacote de expansão do governo federal com metas definidas até 2014?


A reitoria da UFRGS anunciava que a decisão política de ter um campus na Serra já estava tomada. Entretanto, a intenção política, na prática, não compôs o documento técnico que prevê a ampliação das universidades federais no país.

Agora, o jeito é correr atrás do prejuízo e tentar incluir o campus da Serra no pacote lançado por Dilma. É com este olhar que me refiro à linha tênue e perigosa para estabelecer programas em cima de critérios de riqueza e pobreza. Se a Serra é importante no cenário nacional por ser um grande centro industrial, essa mesma região deve figurar entre as prioridades e não ficar fora de investimentos importantes para democratizar a educação. Temos escola técnica federal, mas temos carências de qualificação profissional em diversas áreas. Por ser uma região industrial, a Serra precisa de engenheiros nos mais diversos campos do saber e formação em outra área do conhecimento. Como investir em tecnologia de ponta, em infraestrutura, logística e promover uma melhor distribuição de renda, sem acesso ao ensino superior público, gratuito e de qualidade?

A Serra pode figurar entre as regiões mais ricas em termos de renda per capita, mas tem centenas de bolsões de miséria, em núcleos de subabitação. A riqueza, infelizmente, está centrada nas mãos de poucos, de uma minoria. A maioria esmagadora desses trabalhadores da Serra gaúcha, que produz grande parte da riqueza deste Brasil Nação, ainda sonha com uma partilha mais igual e luta para reduzir as desigualdades regionais, presidenta Dilma. 

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