A hora é de mudanças, mas
não podemos cair na armadilha e sermos usados como massa de manobra por alguns
setores ditos “apartidários”, com interesses fascistas e espúrios, escondidos
atrás de máscaras anônimas. A presidenta Dilma Rousseff, como autoridade máxima
do país, deu respostas concretas às reivindicações das ruas, mas mesmo assim
sofre ataques de incrédulos e descrentes. Esse pessimismo aparente não pode ser
encarado só como insatisfação do povo, da massa. Um presidente não governa
sozinho, depende dos outros poderes, em especial do Legislativo. As
manifestações são legítimas e merecedoras de aplausos, mas o povo tem de levar
essa determinação para as urnas e saber cobrar o seu voto sempre no exercício
da democracia e, principalmente, lembrar em quem votou. Isso é exercer a
democracia e cidadania.
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Presidenta surpreende dar respostas concretas às vozes das ruas |
E quando os interesses individuais de
legisladores se sobrepõem aos interesses do coletivo, um governo fica
engessado. Portanto, não podemos atirar todas as pedras contra a presidenta. É
preciso conhecer a Constituição Estado e as suas instituições de poder, que
envolvem Executivo, Legislativo e Judiciário.
Com o clamor das ruas, com o
grito do povo que se levanta em levante histórico, Dilma ganha forças para
liderar esse movimento e propor as mudanças necessárias, que dialogam com as
vozes do povo. Mas é preciso ter essa compreensão da funcionalidade dos poderes
e as barreiras e limites impostos por essas estruturas, muitas delas arcaicas e
jurássicas.
Nas ruas, o governo é
acusado de não promover reformas estruturais importantes. Quando a presidenta
anuncia medidas, algumas dissonantes, infiltradas dentro das manifestações
chamam de demagogia, que são mais promessas e promessas, e cobram o porquê não
fez antes se sabia as necessidades do povo. Não sejamos ingênuos. Esse
contraponto é para enfraquecer não apenas um governo progressista, mas a figura
da própria presidenta.
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Manifestações são legítimas, mas é preciso estar atento |
Enfraquecer Dilma como agente político e
primeira mulher a governar o país é atingir o protagonismo e as conquistas das
mulheres, promovendo retrocessos incalculáveis no país. Com Dilma na
Presidência, as mulheres se fortaleceram na luta diária e desigual e passaram a
ter mais autoridade para fazer sua voz ecoar. Por outro lado, a tentativa de
golpe de Estado para retirar Dilma do poder não passa na mente da maioria do
povo que clama por mudanças, mas ganha, com certeza, força e forma nas
estratégias montadas por uma elite conservadora, que não dome no ponto e quer
voltar ao poder a qualquer preço.
Essa mesma elite está encravada
dentro desses movimentos que ganham as ruas. Lutamos muito para chegar à
democracia, muitos morreram neste longo percurso, derramaram sangue por um
Brasil Melhor, mas quando o capitalismo sofre abalos e enfraquece, as formas
para se recuperar são as mais nefastas e inimagináveis, porque usam dos
aparelhos ideológicos do Estado para tentar se reerguer.
Não estou dizendo com isso
que a luta das ruas não sejam legítimas. O povo de continuar nas ruas, sim, mas
de forma ordeira, organizada, com direção e foco. Quem patrocina os vândalos e arruaceiros
que mancham as cores verde e amarela e até mesmo grito do povo, na sua maioria
esmagadora, legítimo? São questionamentos que têm de ser feitos, porque muitos
dos infiltrados na belíssima marcha em Caxias, que reuniu mais de 35 mil, eram
de Porto Alegre. Como se deslocaram de lá? Quem pagou o transporte?
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PEC 37 envolta à polêmica. Interessa a quem? |
A PEC 37, que ganhou força
dentro dos protestos é matéria muito embaraçosa e envolta à polêmica e
interessa muito mais para quem disputa o poder dentro da esfera do Judiciário. É
matéria muito obscura ainda. A Ordem dos Advogados no Brasil (OAB), por
exemplo, é a favor da votação da PEC no Congresso nacional, que é contestada
nas ruas (veja link de matéria no final de deste texto).
A corrupção no país existe
desde o Brasil Colônia, passando por Pedro pai, Pedro filho, pelo Brasil
República e segue até os dias atuais. Somente uma reforma política eficaz será
capaz de aplacar a safadeza e os desvios de recursos públicos.
E para finalizar:
É
a mulher e sua força verdadeira/Eu tô com Dilma/Uma grande brasileira.
O
Pacto de Dilma e o voto de confiança do povo
Dilma apresentou um pacto
com cinco medidas: anunciou R$ 50 milhões para obras de mobilidade urbana,
convocação de plebiscito para promover a reforma política em constituinte
exclusiva, um dos maiores gargalos e obstáculos que impede a evolução de um
Brasil Melhor, defendeu ainda que a corrupção seja crime hediondo.
Na saúde, anunciou a troca de dívidas por mais
atendimentos e incentivar a ida de médicos para regiões que mais precisam.
Dilma garantiu ainda que as vagas do Sistema Único de Saúde (SUS) serão
oferecidas primeiramente aos médicos brasileiros, mas quando não houver
disponibilidade, serão contratados médicos estrangeiros. E mandou um recado à
classe médica: “Essa medida não é hostil
ou desrespeitosa aos nossos profissionais. Trata-se de medida emergencial
porque a saúde do cidadão deve prevalecer sobre qualquer outro interesse”.
Para a presidenta Dilma, só
médicos não resolve problemas, por isso quer garantir melhoria na estrutura do
sistema, além de ampliar vagas de graduação e residência para estudantes
brasileiros até 2017. Comprometeu-se ainda com aceleração nas obras de UPAs e
UBSs.
Na Educação, talvez a mais
emblemática das afirmações tenha sido esclarecer que o seu governo quer aplicar
100% dos royalties do petróleo e 50% do pré-sal nesta área, repassando os
recursos a serem recebidos pelos estados e municípios e a parte da união para
investimentos em educação. Onde está esse projeto? No Congresso Nacional para
ser votado com urgência constitucional, mas não anda porque cada representante
de estado quer puxar para sai a maior fatia para preservar seus currais
eleitorais.
A
posição da OAB sobre PEC 37