É impossível ser indiferente
ou fechar os olhos para um problema social que tem crescido de forma
vertiginosa na nossa cidade. Nas calçadas das ruas de Caxias tenho percebido um
retrato do cotidiano triste, onde as pedras viram colchões de moradores de rua,
tendo um edredom ou um cobertor leve como agasalho para se proteger do frio e
das baixas temperaturas que têm feito em Caxias. Na manhã desta quarta-feira,
encontrei dois moradores de rua dormindo, inclusive com a cabeça coberta, às
10h50min, na Rua Flores da Cunha, entre as Ruas Visconde de Pelotas e
Garibaldi. No dia 15 de maio, deparei-me com outro casal em uma noite fria e chuvosa, na Rua Ernesto Alves, no Centro. No Pio X, existem várias
pessoas nesta condição. Nas imediações do BIG, tem outro casal que pernoita pelas calçadas e mulher está grávida, possivelmente quase parindo pelo adiantado estágio da gestação.
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Dois moradores de rua dormindo, às 10h50min, desta quarta |
Muitas vezes as dificuldades
estão no próprio morador de rua em aceitar o acolhimento e o atendimento da
rede especializada, mas é preciso trabalhar políticas públicas articuladas, com
as mais diversas áreas sociais, como psicólogos, assistentes sociais e
sociólogos. É preciso trabalhar a (res) socialização, por mais que haja
resistência. Enquanto agentes públicos é preciso ser persistente e incansável.
Uma cidade rica como Caxias não pode apresentar essa realidade como um cartão
de visita. É preciso fazer um mutirão, se preciso for, para dar uma resposta a
esse grave problema social. É preciso se indignar e não se conformar com esse extrato social.
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Dia 15 de maio, noite fria e chuvosa, casal dormia na calçada da Ernesto Alves |
No Centro de Referência Pop,
os dados compravam essa triste realidade, mas apontam para outro problema: a
falta de equipes mínimas, ou seja, de servidores para dar conta da demanda. Ao
ver tal situação, liguei, comuniquei o fato para o serviço e quis ouvir da coordenadora como está
funcionando essa rede. A coordenação informou-me que dispõe apenas de dois
educadores sociais para fazer as abordagens de rua durante o dia e um
profissional da psicologia e da assistência social para fazer o atendimento
interno. O mínimo necessário seriam quatro educadores sociais, diz ela.
No mês de abril, para ser
ter uma ideia, foram feitas 105 abordagens de pessoas diferentes e 239 atendimentos
no Centro Referência Pop, onde é servido café da manhã também, mas não é um albergue.
À noite, a situação fica mais crítica. É preciso inverter essa lógica social e
investir como prioridade nas rondas da cidadania. É preciso indignar-se e jamais perder a sensibilidade de olhar o outro como semelhante e não com uma visão excludente.
O telefone do Centro
Referência Pop é: 3901.1504